Em Crepúsculo, apenas no penúltimo filme da série o casal protagonista teve
uma romântica cena de sexo. Mas é Kristen Stewart, a intérprete
da delicada heroína da saga vampiresca, quem diz: “Acho ridículo ver atrizes
fazerem falsas cenas de sexo em filmes e depois declarar que se sentiram seguras
no set.” Aos 22 anos e atriz mais bem paga de Hollywood entre maio de 2011 e
2012, faturando US$ 34,5 milhões segundo a revista Forbes, Kristen conta que foi
com uma postura destemida que ela protagonizou cenas de nudez em Na Estrada, que
estreia no Brasil em 13 de julho.
No filme dirigido por Walter Salles, ela é Marylou, jovem de espírito livre
que vira amante de dois amigos que atravessam as estradas dos Estados Unidos em
uma viagem existencial. “Eu teria me reunido a esses dois caras, com certeza”,
diz Kristen, que conta ter lido o livro de Jack Kerouac, do qual o filme é uma
adaptação, ainda na adolescência, e admirar pessoas de atitudes libertárias.
Fora das telas, no entanto, ela tem uma vida mais dentro das regras e mantém um
romance discretíssimo com Robert Pattinson, seu parceiro em Crespúsculo.
Como descreveria a experiência de trabalhar em Na
Estrada?
Foi a maior experiência que tive em cinema. Não participei
de todos os trechos da viagem que eles filmaram. Mas fui para Montreal me juntar
à equipe e nos prepararmos para as filmagens. Depois, fui para Nova Orleans,
Phoenix e São Francisco. Em seguida, voltei para casa e fiz um outro filme da
saga Crepúsculo. O que foi estranho, porque queria voltar para aquela
experiência com o Walter (Salles), que foi interrompida. Não tive tempo de
pensar no que tinha acontecido naquelas semanas na estrada. O que, na verdade,
assemelha-se bastante à experiência da minha personagem.
Teve algum receio em fazer as sequências de sexo?
Pelo
contrário, eu queria fazer as cenas de sexo. Gosto de filmes que testem meus
limites. É uma forma de me desafiar, sair da zona de conforto. Confesso que vivi
mais experiências interessantes naquelas quatro semanas de filmagem de Na
Estrada do que na minha vida normal.
As sequências de nudez entre os personagens são discretas, não
mostram genitais. Isso a deixou mais tranquila?
Acho ridículo ver
atrizes fazerem falsas cenas de sexo em filmes e depois declarar que se sentiram
seguras no set. Na maioria desses casos, as sequências soam falsas, dá para
perceber que elas estão usando faixas da cor da pele para cobrir os seios. Não
queria me sentir segura. É muito mais interessante ver cenas genuínas de sexo do
que uma coisa que a gente percebe que é falsa. Sempre quis ficar mais próxima da
experiência real o máximo possível.
O livro do Kerouac já lhe era familiar?
Eu o li pela
primeira vez quando tinha uns 15 anos. Foi o meu primeiro livro favorito, porque
ele abriu tantas portas na minha cabeça. Ele realmente acendeu um fogo dentro de
mim, me inspirou aquela sensação querer ver ou ouvir coisas novas, desejar
coisas e correr atrás delas. Gostei do estilo do texto, mas também do estilo
montanha-russa da narrativa, do sentido de liberdade que os personagens
transmitem.
Era comum mulheres de sua geração lerem Na Estrada na
adolescência?
Definitivamente, não! Não foram poucas as pessoas que
chegaram para mim e disseram: “Como uma garota moderna como você está lendo um
livro sobre pessoas que foram jovens nos anos 40 e 50?” Ou: “Como você, uma
mulher contemporânea, pode se identificar com uma jovem daquela época?” A gente
sempre quer saber de onde veio. Então, era uma questão de ter contato com as
minhas raízes, com personagens que me inspiram na vida. E esses dois caras com
quem ela partilhou momentos importantes da juventude, eu teria me reunido a
eles, com certeza.
O que você admira em Walter Salles?
Walter faz as coisas
acontecerem. Uma das coisas mais estranhas sobre ele é que, ao final de um
ensaio, da filmagem de um take, ou de um dia de trabalho, ele não toma crédito
por nada, porque aconteceu com você. É raro encontrar alguém assim. Walter tem
essa habilidade muito particular de juntar as pessoas. Sei que esse é o
propósito de todo bom diretor, mas nunca me senti tão motivada por outra pessoa
como me senti com ele. Faria qualquer coisa por aquele cara. Esse é o poder
dele. Por alguma razão, você quer segui-lo aonde ele vai.
Como lida com o assédio dos fãs da saga Crepúsculo? Esse tipo de fã
ainda a incomoda?
Não saberia dizer… Não penso muito sobre isso. O
fato é que consegui compartilhar a experiência desses filmes com milhões de
pessoas do mundo inteiro. É uma maluquice, eu sei, mas é uma experiência única
que, provavelmente, nunca mais irá se repetir. É muito doida, estranha e
maravilhosa essa coisa de dividir uma mesma energia com tantas pessoas tão
diferentes entre si. Não sei como essas pessoas me verão depois que a saga
acabar.
Filmes de orçamentos menores, como Na Estrada, são uma forma
de se distanciar da imagem de heroína de superproduções, como Crepúsculo e
Branca de Neve e o Caçador?
É legal oferecer algo novo para o
público, diversificar a percepção que a plateia tem de você. Mas adoro
Crepúsculo, tenho muito orgulho da saga. Vejo como um grande elogio quando um fã
diz que não consegue me ver em outro tipo de filme. Sei que sempre serei
lembrada pela Bela
de Crepúsculo. E não é uma coisa ruim. Há lugar para todo
tipo de trabalho. Gosto de filmes pequenos também. Não vejo Branca de Neve e
o
Caçador como um filme que possa mostrar que sou capaz de fazer algo
diferente de Crepúsculo.
Você é religiosa como a Branca de Neve do filme?
Não sou
religiosa. Mas converso comigo mesma. Há momentos em que interpreto determinados
acontecimentos como sinais, quando estou
prestes a fazer algo importante e
não sei qual será o resultado, por exemplo. Nesses dias, quando alguma coisa
trivial dá errado, como deixar cair algo no chão, eu praguejo e tenho a nítida
impressão de que terei um dia horrível (risos). Conversar comigo mesma é uma
forma de colocar energia positiva no mundo. Sou obcecada por isso, em não
estragar uma situação. Acho que é o que Branca de Neve faz com suas orações.
fonte
Nenhum comentário:
Postar um comentário