terça-feira, 3 de julho de 2012

Matéria do Yahoo Notícias sobre OTR

RIO - Jack Kerouac termina o primeiro capítulo de "On the road" com: "Eu era um jovem escritor, e tudo o que queria era cair fora. Em algum lugar ao longo da estrada, eu sabia que haveria garotas, visões e muito mais; na estrada, em algum lugar, a pérola me seria ofertada". Para fazer a adaptação cinematográfica da obra que lançou e marcou a geração beat, Walter Salles colocou seus personagens para percorrer o caminho atrás dessas pérolas e encontrar os sentimentos à flor da pele descritos no romance. Tudo isso regado ao som de jazz, sexo, álcool e drogas. Nesta terça-feira, o cineasta falou sobre "Na estrada", que chega às telas no dia 13 de julho.

- A viagem não é só o deslocamento físico. As mudanças também aconteceram dentro dos personagens. Existem muitas maneiras de viajar e buscar uma redefinição. Quando você se afasta do ponto de origem, entende melhor quem você é - falou o cineasta, que percorreu mais cem mil quilômetros para refazer o trajeto do livro e ficou oito anos no projeto. - Primeiro, topei fazer um documentário e ir buscar os personagens que viveram os anseios e os ideias daquela época - disse o cineasta que planeja lançar o documentário no fim do ano.

"Na estrada" tem elenco de peso, com Garret Hedlund, Sam Riley, Viggo Mortensen. E tem Kristen Stewart. A atriz de "Crepúsculo" vive a estonteante Marylou, que Kerouac define como "uma loira linda, com imensos cabelos encaracolados e magricela como uma daquelas mulheres surrealistas das pinturas de Modigliani". O diretor não poupou elogios para atriz que faz várias cenas intensas e de sexo.

- Quando eu conheci o trabalho de Kristen, ela era uma menina de 16 anos e filmava "Na natureza selvagem". Eu lembro que escrevi o nome dela pra eu não esquecer. Ela tem algo de excepcional, é sensível, inteligente e sabia muito sobre o livro e da personagem - disse.

Salles também não escondeu sua admiração por Alice Braga, que faz uma participação no filme. Ele disse que teve muita sorte de trabalhar com a brasileira, que vive Terry e tem um breve relacionamento com Sal Paradise (alter ego de Kerouac). Segundo o cineasta, essa é uma personagem muito luminosa.

- Foi um sonho poder trabalhar com Walter Salles. Ele me emocionou muito. Foram uns três ou quatro dias de gravação, mas pude ficar com a equipe pouco mais de três semanas e de observar o envolvimento para o filme. Foi uma jornada muito boa de se participar - contou a atriz.

No manuscrito de Kerouac, Walter Salles viu que a frase de início do livro original falava da perda do pai de Sal e que não consta na versão lançada em 1957. Depois disso, o roteiro foi alterado, pois essa ausência do pai, de certa forma, une o personagem a Dean, seu grande parceiro de estrada.

- Em outros filmes eu já abordei essa relação de rodar o país e a busca do pai como em "Central do Brasil" e "Linha de passe". E o que separa essas duas palavras é apenas uma letra 's'.

Com uma recepção morna pela crítica durante o festival de Cannes, Salles disse é preciso estar preparado para as divergências de opiniões. Para ele, um livro emblemático como esse cada pessoa tem uma relação afetiva diferente.

- Duas coisas me marcaram muito positivamente depois do lançamento: a crítica do Jerry Cimino, diretor do The Beat Museum, e a do Eduardo Bueno (que traduziu o livro para o português). Mas é preciso ter uma noção de afastamento. Quando Antonioni apresentou "L'avventura", em Cannes não foi bem recebido, mas hoje aparece na lista de clássicos de alguns críticos.

Depois de passar pela França, Holanda e Bélgica, o Brasil é o quarto país onde "Na estrada" é lançado. E continua, até o fim do ano, numa série de estreias edeve passar por mais de 30 festivais. Salles brinca que a estrada ainda será longa para o filme.

- Como ele vai ser recebido hoje eu não sei, a gente nunca sabe. Eu li pela primeira vez quando eu tinha 18 anos e aquilo me marcou profundamente. Quando saiu traduzido no Brasil, em 1984, li novamente. Peguei novamente antes de rodar "Diários de motocicleta" e agora para o " Na estrada". Espero que com o filme mais gente tenha o prazer de conhecer essa história e ver as pessoas que vivem as suas possibilidades.

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