terça-feira, 3 de julho de 2012

Matéria do Yahoo Notícias sobre OTR

RIO - Jack Kerouac termina o primeiro capítulo de "On the road" com: "Eu era um jovem escritor, e tudo o que queria era cair fora. Em algum lugar ao longo da estrada, eu sabia que haveria garotas, visões e muito mais; na estrada, em algum lugar, a pérola me seria ofertada". Para fazer a adaptação cinematográfica da obra que lançou e marcou a geração beat, Walter Salles colocou seus personagens para percorrer o caminho atrás dessas pérolas e encontrar os sentimentos à flor da pele descritos no romance. Tudo isso regado ao som de jazz, sexo, álcool e drogas. Nesta terça-feira, o cineasta falou sobre "Na estrada", que chega às telas no dia 13 de julho.

- A viagem não é só o deslocamento físico. As mudanças também aconteceram dentro dos personagens. Existem muitas maneiras de viajar e buscar uma redefinição. Quando você se afasta do ponto de origem, entende melhor quem você é - falou o cineasta, que percorreu mais cem mil quilômetros para refazer o trajeto do livro e ficou oito anos no projeto. - Primeiro, topei fazer um documentário e ir buscar os personagens que viveram os anseios e os ideias daquela época - disse o cineasta que planeja lançar o documentário no fim do ano.

"Na estrada" tem elenco de peso, com Garret Hedlund, Sam Riley, Viggo Mortensen. E tem Kristen Stewart. A atriz de "Crepúsculo" vive a estonteante Marylou, que Kerouac define como "uma loira linda, com imensos cabelos encaracolados e magricela como uma daquelas mulheres surrealistas das pinturas de Modigliani". O diretor não poupou elogios para atriz que faz várias cenas intensas e de sexo.

- Quando eu conheci o trabalho de Kristen, ela era uma menina de 16 anos e filmava "Na natureza selvagem". Eu lembro que escrevi o nome dela pra eu não esquecer. Ela tem algo de excepcional, é sensível, inteligente e sabia muito sobre o livro e da personagem - disse.

Salles também não escondeu sua admiração por Alice Braga, que faz uma participação no filme. Ele disse que teve muita sorte de trabalhar com a brasileira, que vive Terry e tem um breve relacionamento com Sal Paradise (alter ego de Kerouac). Segundo o cineasta, essa é uma personagem muito luminosa.

- Foi um sonho poder trabalhar com Walter Salles. Ele me emocionou muito. Foram uns três ou quatro dias de gravação, mas pude ficar com a equipe pouco mais de três semanas e de observar o envolvimento para o filme. Foi uma jornada muito boa de se participar - contou a atriz.

No manuscrito de Kerouac, Walter Salles viu que a frase de início do livro original falava da perda do pai de Sal e que não consta na versão lançada em 1957. Depois disso, o roteiro foi alterado, pois essa ausência do pai, de certa forma, une o personagem a Dean, seu grande parceiro de estrada.

- Em outros filmes eu já abordei essa relação de rodar o país e a busca do pai como em "Central do Brasil" e "Linha de passe". E o que separa essas duas palavras é apenas uma letra 's'.

Com uma recepção morna pela crítica durante o festival de Cannes, Salles disse é preciso estar preparado para as divergências de opiniões. Para ele, um livro emblemático como esse cada pessoa tem uma relação afetiva diferente.

- Duas coisas me marcaram muito positivamente depois do lançamento: a crítica do Jerry Cimino, diretor do The Beat Museum, e a do Eduardo Bueno (que traduziu o livro para o português). Mas é preciso ter uma noção de afastamento. Quando Antonioni apresentou "L'avventura", em Cannes não foi bem recebido, mas hoje aparece na lista de clássicos de alguns críticos.

Depois de passar pela França, Holanda e Bélgica, o Brasil é o quarto país onde "Na estrada" é lançado. E continua, até o fim do ano, numa série de estreias edeve passar por mais de 30 festivais. Salles brinca que a estrada ainda será longa para o filme.

- Como ele vai ser recebido hoje eu não sei, a gente nunca sabe. Eu li pela primeira vez quando eu tinha 18 anos e aquilo me marcou profundamente. Quando saiu traduzido no Brasil, em 1984, li novamente. Peguei novamente antes de rodar "Diários de motocicleta" e agora para o " Na estrada". Espero que com o filme mais gente tenha o prazer de conhecer essa história e ver as pessoas que vivem as suas possibilidades.

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Matéria do Cineclick sobre OTR



O livro On the Road, de Jack Kerouac, é um tributo à liberdade da juventude embalado a sexo e drogas que marcou toda uma geração. A tarefa de levar a história ao cinema coube ao cineasta brasileiro Walter Salles, que na tarde desta segunda-feira (2/7) se reuniu com a imprensa ao lado da atriz Alice Braga para falar sobre Na Estrada, que estreia no país dia 13 de julho.

Fã do On the Road, publicado em 1957, Salles revelou que leu o livro quando tinha por volta de 18 anos e se tornou fã da obra. “Eu estudei e pesquisei muito, porque adorar o livro não é passaporte suficiente para fazer uma adaptação", disse o cineasta, que revelou ter passado pela mesma situação quando dirigiu Diários de Motocicleta. "Eu já tinha vivido isso em Diários. Como vocês sabem, eu não sou argentino nem cubano. Por isso, pesquisei e viajei muito antes de fazer o filme. Agora foi a mesma coisa”.

O projeto Na Estrada teve início em 2005, quando Salles começou a fazer a escalação do elenco e chamou a então desconhecida Kristen Stewart para o papel da jovem Marylou. "Foi o Gustavo Santaolalla [músico e compositor argentino] quem me sugeriu ela. Mas eu não a conhecia. Então fui ver o filme do Sean Penn que ela tinha feito (Na Natureza Selvagem) e fiquei bastante impressionado", contou. "Ela tinha 16 anos quando a convidei para para fazer o filme e, mesmo assim, se manteve fiel ao projeto, que só foi rodado cinco anos depois."

Com produção impecável e ótimas interpretações, Na Estrada retrata personagens icônicos como Sal Paradise, alter ego de Kerouac. Salles foi escolhido para o trabalho por Frances Ford Coppola, detentor dos direitos de adaptação do livro, após seu trabalho em Diários de Motocicleta, filme de estrada para o qual também buscou muita inspiração em On the Road.


Para transformar On the Road em longa, o diretor de Central do Brasil refez duas vezes o trajeto percorrido pelos protagonistas Sal Paradise (Sam Riley) e Dean Moriarty (Garrett Hedlund) e, no processo, rodou um documentário, entrevistando diversas personagens ligados à "geração beat" (termo cunhado pelo autor do livro), como Diane di Prima e Eduardo Bueno.“Reencontrei pessoas que viveram essa época e pessoas influenciadas pelos livro, como Wim Wenders. Foi incrível. Conheci pessoas de 80 anos ainda jovens. É um documentário sobre tornar um filme possível", definiu.

Além de Kristen Stewart e dos desconhecidos do grande público Garrett Hedlund e Sam Riley nos papéis principais, o longa conta ainda com a atuação da brasileira Alice Braga, em breve participação como uma catadora de algodão que vive um romance com Sal. "Dirigir a Alice era algo que queria fazer há muito tempo. E ela conduziu o papel de uma maneira muito luminosa. Ninguém teria feito tão bem quanto ela", elogiou o diretor.

Alice revelou que quase chorou ao ser convidada integrar o elenco. "Walter sempre foi uma referência. Sempre foi um sonho trabalhar com ele. É alguém que faz diferença no nosso cinema. Quando ele me mandou e-mail, quase comecei a chorar. Eu sabia que era um projeto importante".

Com apenas 29 anos, Kerouac escreveu o livro em três semanas em abril de 1951, datilografando de maneira contínua em 36 metros de papel contínuos colado por ele. A versão cinematográfica da obra de Kerouac chega às telas brasileiras no dia no dia 13 de julho depois de levar mais de 500 mil espectadores aos cinemas na França, Holanda e Bélgica. Viggo Mortensen, Kirsten Dunst, Amy Adams e Elisabeth Moss completam o elenco.

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Alice Braga e Walter Salles na coletiva de imprensa no Rio de Janeiro



Entrevistas de Kristen Stewart em Cannes



Critica de OTR do site IG

Critica foi postada no dia 23/05, após a exibição do filme em Cannes


Walter Salles volta menos sentimental em “Na Estrada - On the Road”, baseado na obra de Jack Kerouac. O filme foi recebido com pouco calor na sessão de imprensa da manhã desta quarta-feira (23), dentro da competição do Festival de Cannes 2012.

De estrutura fragmentada, o filme pega a estrada com o protagonista Sal (Sam Riley), baseado em Kerouac, que encontra e perde pessoas ao longo do caminho. Seu companheiro na maior parte das viagens é Dean (Garrett Hedlund), inspirado em Neal Cassady, um sujeito extremamente carismático, mas também irresponsável e destrutivo que suga a energia de todos ao seu redor – como Marylou (Kristen Stewart), baseada em LuAnne, que se casou com Cassady aos 15 anos e se tornou sua amante depois do divórcio, Camille (Kirsten Dunst), inspirada em Carolyn Cassady, segunda mulher de Neal, e Carlo Marx (Tom Sturridge), ou Allen Ginsberg.

O diretor respeita a obra original, recriando o ambiente libertário representado pela geração beat, que revolucionou a literatura e a cultura americanas, ao ritmo do jazz. Como outros filmes do festival, discute amadurecimento e masculinidade. O longa é bonito e vibrante em muitos momentos, com uma melancolia que perpassa todo aquele sonho de liberdade total, principalmente nas personagens femininas. Mas termina um pouco fluido demais para ser realmente um competidor com força para levar o prêmio principal.

Na entrevista coletiva que se seguiu à exibição, Walter Salles disse que o filme tem uma correlação com “Diários de Motocicleta”. “Ambos são sobre jovens descobrindo a geografia e a realidade e despertando criticamente. Aqui, eles tentam achar todas as liberdades possíveis numa sociedade muito conservadora”, afirmou.

“Os personagens no livro tiveram a coragem de experimentar tudo. Isso também ganhou força hoje, pois a única maneira de obter uma percepção crítica do mundo é através da experiência pessoal. Isso também trouxe contemporaneidade ao filme.”
Viggo Mortensen, que interpreta Old Bull Lee (uma versão de William S. Burroughs), disse que hoje, como na época em que o livro se passa (décadas de 1940 e 1950), também há muito conservadorismo. “Deve ter sido difícil para (o produtor) Francis Ford Coppola esperar 30 anos para ver o livro na tela, mas acho que provavelmente é uma boa época para lançar o filme.”

Os atores passaram por uma espécie de campo de treinamento, recebendo visitas de parentes e personagens ainda vivos. “Foi emocionalmente estimulante falar com a filha de LuAnne”, disse Kristen Stewart. “A personagem é tão vívida no roteiro. Ela não estava se rebelando contra nada, estava sendo ela mesma.”

A atriz também teve de responder sobre as cenas de nudez e sexo, já que ela ficou famosa por interpretar uma personagem que não faz sexo na “Saga Crepúsculo”. “Tinha 16 ou 17 anos quando Walter falou do projeto pela primeira vez. Foi bom ter crescido alguns anos. Seria fácil dizer como o diretor me deixou muito segura, mas eu queria passar medo. Não hesitei por nenhum momento.”

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Alice Braga fala a Isto é


A atriz Alice Braga vem despontando no circuito de cinema internacional há algum tempo. Após seu último longa norte-americano O Ritual (2011), a sobrinha de Sônia Braga volta às telas de cinema como Terry, uma mexicana retirante no longa Na Estrada, que estreia dia 13 de julho nas salas nacionais. “Interpretar Terry era como se eu estivesse resgatando a independência da mulher nos anos 1940-50. Para mim foi importante, pois ela foi uma pessoa que não sentia o peso da culpa do sexo imposta pela igreja católica na época”, conta Alice.
Para a atriz, essa busca de uma personagem pura e livre trata o peso do tradicionalismo de forma muito contemporânea: “foi uma alimentação de alegria e vivência a frente da época. Me emocionei com o filme, pois hoje sei que recebemos as informações de forma muito mastigada, há quase um conformismo. E a Terry, assim como eu e o elenco acreditamos que precisamos nos instigar, emocionar para entender que é preciso se inspirar para viver essa jornada jovem”, desabafa. Ao relembrar o dia em que recebeu o convite de Walter Salles para participar do projeto, Alice se emociona novamente. “Sempre admirei o Walter, desde quando eu era bem jovem, pois ele busca contar história que colocam os personagens em jornadas de emoção, de transformação, mesmo que seja um filme fora da estrada. Quando recebi o convite quase chorei. Tudo foi emocionante, principalmente saber que o roteiro era de um livro que eu li aos 17 anos e que me cativou e inspirou. Foi um sonho duplo”.
Questionada sobre os próximos projetos e sonhos, ela contou que está com dois longas em andamento (Elysium e Kill Me Three Times) – que prefere não comentar por superstição – e que seu maior desejo é atuar ao lado do ator espanhol Javier Bardem. “É um sonho distante, mas por que não sonhar?”.

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Isto É fala sobre OTR

Após causar frisson em Cannes, o novo longa de Walter Salles chega ao Brasil quebrando paradigmas e resgatando sonhos e estigmas de sua juventude

Walter Salles é um diretor que vive na estrada. Mora no Rio de Janeiro, em Paris e em Hollywood. E seja no continente americano ou no velho mundo, quando decide rodar um longa opta por histórias que levem os atores e os espectadores a fazerem uma viagem dentro de si, assim como ele fez ao escolher o roteiro. “Sempre quis entender sobre a liberdade e quem é essa juventude que quer provar o sexo e as droga e se jogar num caminho desconhecido. Gosto desse ideal de não ficar em um só lugar”, conta Walter Salles. Para ele, estar em movimento é o combustível das mudanças no mundo. “Estou em busca de tramas que mostrem a importância de experimentar as coisas, pois só assim é possível criar um raciocínio critico e entender a natureza do homem”. No dia 13 de julho ele lança no país, após cinco anos em produção, mais um de seus filmes, “Na Estrada” e espera que o cinema possa ser mais um espaço de liberdade para a juventude e um retomar de ideais para quem nos anos 1950 vivia em sintonia com a vida livre.
A estrela
Walter Salles escolheu Kristen Stewart para a personagem Marylou antes de a jovem brilhar em Hollywood como Bela, de Crepúsculo. Ele contou que quando fez o primeiro convite a ela, a atriz disse que aos 17 anos leu a trama e desde então ele se tornou seu livro de cabeceira. “Kristen disse que amaria fazer parte do projeto. Aceitou na hora”. De lá para cá, Walter é só elogios à atriz. “Ela é ótima”, afirma o diretor. Para ele, a energia dessa juventude foi a principal ferramenta em trazer verossimilhança com o livro. “Ela é entregue e inteligente. Suas reações foram sempre comoventes e precisas. Ela é mais do que uma atriz para filmes heróicos, é sensível, o que pode lhe abrir um leque de opções”. Concentrado em seus próximos projetos, Walter ainda deixa a dica de que gosta de trabalhar sempre com o mesmo elenco: “gosto da ideia do cinema como família. Quando um ator me cativa, ele sabe que pode contar como um dos colaboradores para meus longas seguintes”.

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Entrevista de Kristen Stewart para a Isto é Gente

Em Crepúsculo, apenas no penúltimo filme da série o casal protagonista teve uma romântica cena de sexo. Mas é Kristen Stewart, a intérprete da delicada heroína da saga vampiresca, quem diz: “Acho ridículo ver atrizes fazerem falsas cenas de sexo em filmes e depois declarar que se sentiram seguras no set.” Aos 22 anos e atriz mais bem paga de Hollywood entre maio de 2011 e 2012, faturando US$ 34,5 milhões segundo a revista Forbes, Kristen conta que foi com uma postura destemida que ela protagonizou cenas de nudez em Na Estrada, que estreia no Brasil em 13 de julho.

No filme dirigido por Walter Salles, ela é Marylou, jovem de espírito livre que vira amante de dois amigos que atravessam as estradas dos Estados Unidos em uma viagem existencial. “Eu teria me reunido a esses dois caras, com certeza”, diz Kristen, que conta ter lido o livro de Jack Kerouac, do qual o filme é uma adaptação, ainda na adolescência, e admirar pessoas de atitudes libertárias. Fora das telas, no entanto, ela tem uma vida mais dentro das regras e mantém um romance discretíssimo com Robert Pattinson, seu parceiro em Crespúsculo.

Como descreveria a experiência de trabalhar em Na Estrada?
Foi a maior experiência que tive em cinema. Não participei de todos os trechos da viagem que eles filmaram. Mas fui para Montreal me juntar à equipe e nos prepararmos para as filmagens. Depois, fui para Nova Orleans, Phoenix e São Francisco. Em seguida, voltei para casa e fiz um outro filme da saga Crepúsculo. O que foi estranho, porque queria voltar para aquela experiência com o Walter (Salles), que foi interrompida. Não tive tempo de pensar no que tinha acontecido naquelas semanas na estrada. O que, na verdade, assemelha-se bastante à experiência da minha personagem.

Teve algum receio em fazer as sequências de sexo?
Pelo contrário, eu queria fazer as cenas de sexo. Gosto de filmes que testem meus limites. É uma forma de me desafiar, sair da zona de conforto. Confesso que vivi mais experiências interessantes naquelas quatro semanas de filmagem de Na Estrada do que na minha vida normal.

As sequências de nudez entre os personagens são discretas, não mostram genitais. Isso a deixou mais tranquila?
Acho ridículo ver atrizes fazerem falsas cenas de sexo em filmes e depois declarar que se sentiram seguras no set. Na maioria desses casos, as sequências soam falsas, dá para perceber que elas estão usando faixas da cor da pele para cobrir os seios. Não queria me sentir segura. É muito mais interessante ver cenas genuínas de sexo do que uma coisa que a gente percebe que é falsa. Sempre quis ficar mais próxima da experiência real o máximo possível.

O livro do Kerouac já lhe era familiar?
Eu o li pela primeira vez quando tinha uns 15 anos. Foi o meu primeiro livro favorito, porque ele abriu tantas portas na minha cabeça. Ele realmente acendeu um fogo dentro de mim, me inspirou aquela sensação querer ver ou ouvir coisas novas, desejar coisas e correr atrás delas. Gostei do estilo do texto, mas também do estilo montanha-russa da narrativa, do sentido de liberdade que os personagens transmitem.

Era comum mulheres de sua geração lerem Na Estrada na adolescência?
Definitivamente, não! Não foram poucas as pessoas que chegaram para mim e disseram: “Como uma garota moderna como você está lendo um livro sobre pessoas que foram jovens nos anos 40 e 50?” Ou: “Como você, uma mulher contemporânea, pode se identificar com uma jovem daquela época?” A gente sempre quer saber de onde veio. Então, era uma questão de ter contato com as minhas raízes, com personagens que me inspiram na vida. E esses dois caras com quem ela partilhou momentos importantes da juventude, eu teria me reunido a eles, com certeza.

O que você admira em Walter Salles?
Walter faz as coisas acontecerem. Uma das coisas mais estranhas sobre ele é que, ao final de um ensaio, da filmagem de um take, ou de um dia de trabalho, ele não toma crédito por nada, porque aconteceu com você. É raro encontrar alguém assim. Walter tem essa habilidade muito particular de juntar as pessoas. Sei que esse é o propósito de todo bom diretor, mas nunca me senti tão motivada por outra pessoa como me senti com ele. Faria qualquer coisa por aquele cara. Esse é o poder dele. Por alguma razão, você quer segui-lo aonde ele vai.

Como lida com o assédio dos fãs da saga Crepúsculo? Esse tipo de fã ainda a incomoda?
Não saberia dizer… Não penso muito sobre isso. O fato é que consegui compartilhar a experiência desses filmes com milhões de pessoas do mundo inteiro. É uma maluquice, eu sei, mas é uma experiência única que, provavelmente, nunca mais irá se repetir. É muito doida, estranha e maravilhosa essa coisa de dividir uma mesma energia com tantas pessoas tão diferentes entre si. Não sei como essas pessoas me verão depois que a saga acabar.

Filmes de orçamentos menores, como Na Estrada, são uma forma de se distanciar da imagem de heroína de superproduções, como Crepúsculo e Branca de Neve e o Caçador?
É legal oferecer algo novo para o público, diversificar a percepção que a plateia tem de você. Mas adoro Crepúsculo, tenho muito orgulho da saga. Vejo como um grande elogio quando um fã diz que não consegue me ver em outro tipo de filme. Sei que sempre serei lembrada pela Bela
de Crepúsculo. E não é uma coisa ruim. Há lugar para todo tipo de trabalho. Gosto de filmes pequenos também. Não vejo Branca de Neve e o
Caçador como um filme que possa mostrar que sou capaz de fazer algo diferente de Crepúsculo.

Você é religiosa como a Branca de Neve do filme?
Não sou religiosa. Mas converso comigo mesma. Há momentos em que interpreto determinados acontecimentos como sinais, quando estou
prestes a fazer algo importante e não sei qual será o resultado, por exemplo. Nesses dias, quando alguma coisa trivial dá errado, como deixar cair algo no chão, eu praguejo e tenho a nítida impressão de que terei um dia horrível (risos). Conversar comigo mesma é uma forma de colocar energia positiva no mundo. Sou obcecada por isso, em não estragar uma situação. Acho que é o que Branca de Neve faz com suas orações.

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Entrevista de Walter Salles no site IG


Depois da exibição de "Na Estrada" no Festival de Cannes, de onde saiu sem nenhum prêmio, o Brasil será o quarto país a estrear a adaptação da bíblia beatnik escrita por Jack Kerouac, no próximo dia 13. Em conversa com a imprensa nesta segunda-feira (02), o diretor Walter Salles, acompanhado da atriz Alice Braga – Kristen Stewart, Viggo Mortensen e todo o elenco internacional não compareceu –, comemorou o fato de o filme já ter acumulado 500 mil espectadores. Um final feliz para um projeto que demorou mais de meio século para sair do papel.

Isso porque se fala de uma adaptação desde a publicação do livro, em 1957, mas nenhuma conseguia sair do papel. Francis Ford Coppola comprou os direitos no final dos anos 1970 e, depois de um entra-e-sai eterno de equipe, encontrou no cineasta brasileiro a solução.
Questionado sobre a responsabilidade de assumir um longa-metragem que adapta um livro que é ícone da contracultura norte-americana, Salles pareceu tranquilo com a missão. "Tinha tido essa experiência antes em 'Diários de Motocicleta' (sobre as viagens de Che Guevara pela América do Sul na juventude), já que não sou argentino nem cubano."

Fã de "Pé na Estrada" (nome que "On the Road" ganhou no Brasil, traduzido por Eduardo Bueno), o diretor afirmou que sua vida se divide entre antes e depois de lê-lo. "Nada antes tinha me falado de forma tão direta. Aqueles personagens sedentos por liberdade em todas as formas, sexual, de drogas, movimento... Ele demarca a transição de um estágio próprio da juventude antes da fase adulta. Tínhamos a mesma faixa etária, mas era de uma cultura que não a minha."

Talvez por isso ele tenha feito uma ressalva na sequência: "Adorar um livro não é passaporte suficiente para se fazer uma adaptação. Por isso fiz o documentário: para ler mais, conhecer mais, ir mais além. Só consegui encarar o filme depois disso."

Salles se refere a "Searching for On the Road" (em busca de 'Na Estrada', na tradução), ainda em fase de edição, em que refez, antes das filmagens, o percurso de Kerouac da costa leste norte-americana para a oeste e entrevistou celebridades e sobreviventes da geração beat, como, por exemplo, os poetas Lawrence Ferlinghetti e Gary Snyder. "Foram as pessoas de 80 anos mais jovens que já vi. Eles ficaram em sintonia com o que acreditavam quando tinham 20 anos. Foi muito instigante."

Ao mesmo tempo, a viagem serviu também para descobrir que o interior dos Estados Unidos retratado por Kerouac não existe mais. "Rodávamos centenas de quilômetros e víamos os mesmos shoppings e cadeias de lanchonetes", disse o diretor, que precisou filmar no Canadá e Argentina para simular as paisagens de época.

"Está no coração de 'Pé na Estrada' desbravar a última fronteira da América, o oeste – não é à toa que o gênero fundamental do cinema norte-americano é o western. Mas desde aquela época o livro servia também para retratar o fim da expansão de territórios. Por isso é um pouco também sobre o fim do sonho americano."

Com relação à influência da cultura beat no mundo atual, Salles defendeu que nenhum movimento dura para sempre, mas se traduzem para outras formas. "Quando Bob Dylan leu 'Pé na Estrada' na juventude, pegou a mochila e saiu de casa. Alguém pode ter ouvido Dylan mais tarde e ter feito a mesma coisa. Pode estar dentro da gente e nem sabemos disso."

"O livro tem esse aspecto impactante de viver as coisas na pele, em primeira pessoa", continuou. "Hoje nos comunicamos de maneira muito impessoal, SMS, telefone... (O poeta) Gary Snyder me falou: 'Fazíamos mil quilômetros para ter uma boa conversa, aprender alguma coisa'. Acredito que a experiência desenvolve o raciocínio crítico, e só com ele se consegue entender o mundo e agir sobre ele. O ato de experimentar cada momento como se fosse o último – é disso que o filme fala."

Com uma pequena participação no filme, em que interpreta uma namorada de Sal Paradise (Sam Riley, alterego do autor), protagonista da história ao lado de Dean Moriarty (Garrett Hedlund), Alice Braga concordou com o diretor.

"Acho que o que os personagens vivem no filme é o que falta na minha geração. A gente vive de uma maneira muito protegida, não se propõe a encarar o desconhecido, em procurar algo que instigue. Espero que o filme inspire isso."

A brasileira foi só elogios ao comentar a atuação de Kristen Stewart, que, prestes a se despedir da "Saga Crepúsculo", fez em "Na Estrada", aos 22 anos, um de seus primeiros trabalhos de temática adulta. "Kristen é uma atriz muito completa, muito além de 'Crepúsculo' e outros filmes teen, e busca por coisas diferentes, o desconhecido."

Salles escalou Kristen para o papel ainda em 2005, depois de ouvir o compositor Gustavo Santaolla e o cineasta mexicano Alejandro González Iñárritu ("Babel") destacarem o trabalho da atriz, na época com 16 anos, em "Na Natureza Selvagem", de Sean Penn.

O diretor louvou a "fidelidade" de Stewart com o projeto, mesmo depois do "boom" de "Crepúsculo" e sua garantia de salários milionários (o que não foi o caso de "Na Estrada"), e já deu uma pista de seus próximos trabalhos. "Ela me contou o que quer fazer e são todos filmes na contramão. Bilheteria não é uma preocupação dela."

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sábado, 16 de junho de 2012

Crítica do site InsideMovies.ew

o site site InsideMovies.ew publicou uma crítica do filme. Confira tradução do site Kristenstewart.com.br

Em On the road, a adaptação reverente, algumas vezes quase dolorosamente fiel à obra inovadora de Jack Kerouac, de Walter Salles, os personagens estão sempre se animando com uma coisa ou outra, e eu não me refiro apenas a drogas – apesar de que eles fumam maconha e dissolvem Benzedrine em seus cafés. Eles também vão a clubes noturnos e ouvem jazz, seus corpos tremendo e se contorcendo enquanto a música os penetra. Eles fazem muito sexo, também, a maioria disso é bem explícita (olá, classificação 17 anos!): numa corrida de carro a algum lugar, Sal (Sam Riley), o personagem de Kerouac, que ansioso porém recessivo – um menino-homem tomando cuidado com tudo o que bebe – fica pelado no banco da frente junto a Dean (Garrett Hedlund), o vivo e narcisista Neal Cassady, e Marylou (Kristen Stewart), a jovem e inocente ex-mulher de Dean, que está sentada, também pelada, entre dois homem enquanto ela os dá prazer com suas mãos. (Eu não estou brincando quando eu digo que Kristen Stewart atua muito bem nessa cena – pela primeira vez, ela parece mais entusiasmada do que desanimada.) Outro ponto forte do trabalho é a religião das palavras. Sal lê um volume de Proust, e ele digita durante a noite e anota em seu caderno, fazendo tudo que ele pode para dar forma a seu sentimento.

Uma coisa estranha sobre o filme, que se passa durante vários anos do fim dos anos 40 e início dos 50, é que mesmo observando todas essas atividades, elas são um pouco difíceis de se conectar. Música e dança selvagem, sexo desenfreado, linguagem poética: essas são todas coisas boas, mas em On the road elas são encenadas com uma sinceridade retumbante, como uma peça de museu. E então é um pouco difícil experimentar o que o filme quer dar a você. Assistindo On the road, há uma festa animada e desconexa acontecendo – e também uma grande quantidade de melancolia – que não nos sentimos tão convidados a participar, e sim a olhar, como um pedaço sagrado da antropologia cultural. E num certo sentido, isso é o que é. Salles, o talentoso e ambicioso diretor brasileiro (Diários de Motocicleta), faz tudo que pode para colocar a obra de Kerouac, que foi escrita durante apenas 1 mês em 1951 (e publicada pela Viking em 1957), bem ali na tela. O que ele não nos dá – e o que faz o livro funcionar – é o toque boêmio e deslumbrado de Kerouac. Sem isso, On the road é uma experiência curiosamente remota, com toda a razão e nenhuma rima.
A melhor coisa no filme é a performance de Garrett Hedlund, cuja fome por vida – ávida, erótica, insaciável, destrutiva – acende um fogo que irá iluminar o caminho para uma nova era. Hedlund é tão bonito quanto Brad Pitt jovem, e como Pitt, ele é um ator astuto e mutável. Ele dá a Dean olhos que brilham com um entusiasmo sedutor que beira o sofrimento. Dean ricocheteia entre a estrada que ele toma com Sal e Marylou e sua vida apertada como marido e pai em San Francisco com sua mulher, Camille (Kirsten Dunst). Um traficante quando precisa de dinheiro, ele passa por cima dos limites da vida da classe média porque ele não liga para eles, ou mesmo vê-los. Ele é todo “agora, agora, agora”, sua paixão transbordando, mas seus sentimentos não são apenas sexuais. Eles são sobre seu amor por seus amigos, como Sal ou Carlo, o personagem de Allen Ginsberg, interpretado por Tom Sturridge com uma doçura de menino do pós-guerra em New York.
Kristen Stewart, muitas vezes sem blusa, faz uma convincente hippie, obscura e inocente Marylou, e Viggo Mortensen no papel de Old Bull Lee, um viciado que já está mergulhado em violência e paranóia. Sal, infelizmente, é um daqueles heróis de filmes que é um atento observador, e Sam Riley, o ator britânico que foi fascinante como o líder do Joy Division Ian Curtis no filme Control de 2007, não consegue o tornar interessante. Em On the road, Riley é mais como um Leonardo DiCaprio instropectivo, com elegância e inocuidade. Ele interpreta Sal como um cara que pode fazer várias coisas, mas ele acaba nunca tomando as rédeas – da vida ou do filme.
No livro de Kerouac, é claro, Sal não tinha que tomar as rédeas. Sua voz estava lá em cada palavra que Kerouac escreveu. Sem essa voz (nós a ouvimos, é claro, mas não é como um filme – é como se tivesse sido lido), On the road é um drama de encontros e relacionamentos que duram por anos e ainda tem toda a informidade inebriante de vinho caindo do copo. Mas agora, sessenta anos depois, em On the road, enquanto o filme talvez tente te mostrar como era antes, você não consegue imaginar.

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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Entrevista ao Allocine legendada



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Entrevista OTR para o Screenslam - completa









Mais entrevistas em Cannes





Scans de Garrett Hedlund para revista portuguesa




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Crítica traduzida do jornal Le Monde

Confira crítica traduzida pelo facebook oficial do filme


Walter Salles está acostumado com filmes de viagem, mas nunca tinha se aventurado tão longe do seu Brasil natal. | RICHARD DUMAS/VU POUR "LE MONDE"


“Na Estrada”, o filme, existe há décadas. Não somente como projetos de adaptação abortados, que ocupam as gavetas de Francis Ford Coppola, Gus Van Sant ou Joel Schumacher, mas no imaginário de centenas de milhares de leitores do livro de Jack Kerouac, publicado em 1956.


As tribulações transcontinentais de Sal Paradise e Dean Moriarty são a matriz de aventuras americanas vividas ou sonhadas por gerações de jovens que, um dia, quiseram partir longe. O princípio é sempre o mesmo: atravessar os Estados Unidos seguindo as fitas de asfalto, na esperança de descobrir o mundo, os outros, si mesmo.

Este sonho gerou um amontoamento de imagens, músicas, palavras, que formou uma camada tão espessa que nem sempre é possível perceber o que existia à base. “Na Estrada”, o filme de Walter Salles apresentado em competição em Cannes no dia em que entra em cartaz, nesta quarta-feira 23 de maio, tira a pátina para desvendar novamente as cores vivas, as emoções agudas, e a descoberta estonteante de uma forma de viver que implodiu – pelo menos, por um tempo – a American way of life.

A empreitada era arriscada. Não é coincidência se já se passou mais de meio século entre a publicação do romance e o início da construção do filme. Para fazê-lo, Walter Salles observou uma disciplina monacal. Precisou saber tudo do livro, que se tornou texto sagrado, do homem que o escreveu, das pessoas que serviram de modelo para os personagens, mobilizar os meios permitindo dar uma realidade material a paisagens desaparecidas. Depois, precisou apagar o conhecimento acumulado, a abundância de meios, para apenas mostrar a vida incerta, violenta e sensual de Sal Paradise e de seus amigos.


“Na Estrada” abre com uma viagem na traseira de uma picape. Andarilhos (hobos, em inglês americano), que acabaram de atravessar os anos da Depressão e da guerra dão lugar a um rapaz que não se parece com eles. Sal Paradise (Sam Riley) é o álter ego de Jack Kerouac, filho de operário originário do Québec nascido em 1922 que, de 1947 a 1950, atravessou várias vezes os Estados Unidos acompanhado de Neal Cassady (Dean Moriarty no romance).


O roteiro de José Rivera segue de relativamente perto o itinerário que o romance fixou para a posteridade. Mas também leva em consideração a realidade das viagens de Kerouac e Cassady. Da mesma maneira, a oscilação entre história e ficção aparece no elenco. Sam Riley, ator britânico (com sotaque americano impecável) não se parece em nada com Kerouac, enquanto Garrett Hedlund, que incarna Moriarty, lembra Neal Cassady.


De qualquer forma, “Na Estrada”, o livro, é também a história de sua própria criação, e a posição do artista - ator e observador, contemplativo, que se vê mergulhado de repente no coração da vida – está perfeitamente ocupada por Riley, com seu olhar sonhador e sua voz rouca.

Os personagens femininos tampouco estão no lugar atribuído por Kerouac. Marylou, a menina que flutua entre Dean e Sal (ela se chamava LuAnne Henderson), não é mais um brinquedo sexual avoado. Havia muito tempo (desde que a viu atuar em “Na Natureza Selvagem”, de Sean Penn, em 2007) que Salles estava decidido a confiar o papel a Kristen Stewart, que ainda não era a Bella de “Crepúsculo”. O diretor acertou, a atriz faz de Marylou/LuAnne uma moça pronta a assumir qualquer risco, sem mostrar a inconsciência de seus parceiros masculinos. Na última ponta do triângulo, Garrett Hedlund exibe um incrível poder de sedução, que faz esquecer todos os ultrajes (ao pudor, à amizade e ao amor) que comete.

Ao longo da estrada, o trio faz encontros efémeros, com que o espectador gostaria de se deter mais tempo: Viggo Mortensen ressuscita William S. Burroughs, poeta heroinômano e assassino, que serviu de modelo para o personagem de Bull Lee, Steve Buscemi faz um caixeiro-viajante homossexual perturbador, o jovem Tom Sturridge representa Carlo Marx, segundo Allen Ginsberg, do tempo em que era tão bonito quanto Kerouac e Cassady...

O elenco impecável, o roteiro de uma inteligência que frustra as armadilhas da adaptação, não são nada sem a mão do diretor. Walter Salles está acostumado com filmes de viagem: “Central do Brasil” (1998), “Diários de Motocicleta” (2003), mas nunca tinha se aventurado tão longe do seu Brasil natal, em estradas que são propriedades particulares dos cineastas americanos.

Com o diretor de fotografia e câmera Eric Gautier, Salles filma este imenso espaço com olhos novos, que eram também os de Kerouac e Cassady. As montanhas e os desertos reencontram sua virgindade de um tempo sem publicidade omnipresente, nem postos de gasolina parecidos com supermercados. Ainda se colhe o algodão com a mão, e o Sul vive sob o regime da segregação, que esses jovens brancos caçoam simplesmente porque gostam de jazz.

A liberdade é sua única regra e, já que alguns são escritores, a recusa das barreiras se tornará o dogma das gerações seguintes. Esta liberdade tem também um preço, que todo mundo paga: as amantes, as famílias, os amigos e finalmente os heróis. Walter Salles reabriu por inteiro a estrada das origens, do encanto solar da descoberta à amargura das separações."

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Elenco em Cannes e opinião de veículos internacionais

Confira fotos dos atores em entrevistas em Cannes e a opinião dos mais importantes veículos internacionais publicado no facebook oficial do filme







Crítica do Le Nouvel Observateur

O facebook oficial do filme traduziu uma critica do Le Nouvel Observateur. Confira!

Por Pascal Mérigeau, Le Nouvel Observateur

"Dois pés, duas pernas caminhando no asfalto, filmados em plongée com pouca luz. Som de passos e da respiração de um homem. Uma voz entra. Fala tanto quanto canta palavras que parecem ter nascido da noite. Um pouco mais de duas horas depois, outra batida, de dedos no teclado de uma máquina de escrever, marca o fim da viagem, o nascimento de um livro. Entre as duas ações, páginas foram viradas?

Uma fita se desenrolou, de suor e asfalto, de poeira e sonhos, um rolo começou a se cobrir de letras, que fará de Jack Kerouac o escritor que sempre quis ser, e outra fita, esta de película, deslizou entre as garras de um projetor: não ignoro que as projeções de hoje são digitais e, se resolvi esquecer isso de propósito é porque o rolo de Walter Salles parece a continuação do rolo de Kerouac.

Continuação e não equivalente, tampouco transposição, porque “Na Estrada”, o filme, leva também em consideração os anos que passaram, as mudanças que ocorreram no mundo e nas mentalidades desde que o livro foi escrito. Da mesma forma, é melhor não esperar do filme algum revival fúnebre: Jack Kerouac, Carolyn e Neal Cassady, Allen Ginsberg e William Burroughs, e todos os outros, fazem de fato parte da história. Têm os nomes e as máscaras que o escritor escolheu para eles, mas os atores que os encarnam existem também, que sejam famosos (Kirsten Dunst, Viggo Mortensen), conhecidos ou já vistos. Existem por eles mesmos e também para seus personagens, e o filme exigiu que vivessem mais do que interpretassem seus papeis.

É assim que, ao longo dos minutos, “Na Estrada” se impõe como um hino à juventude, muito mais que como uma série de retratos em ação dos atores da geração Beat, que aparece também, mas de maneira quase subsidiária. Da mesma maneira, os personagens, e o livro ainda menos, não escolhem o rumo do filme. Apenas a estrada dita sua lei, obrigando o cineasta, seus atores e técnicos a partir mais uma vez, e o espectador a seguir atrás deles que, muitas vezes, gostaria de se deter mais um pouco com Old Bull Lee, que é William S. Burroughs, que é Viggo Mortensen, lá pelas bandas de Algiers, na Louisiana, por exemplo. Mas não é possível se juntar a eles, os outros precisam ficar para trás, mesmo quando isso dói, sobretudo quando dói, para que, da aventura nasça um livro, para que, meio século mais tarde, do livro derive um filme, cujas circunstâncias e dificuldades de filmagem, a vontade de uns e os limites dos outros arrebentaram calibragens supostamente sólidas.

É assim também que a parte de romantismo que existe em cada personagem, geralmente escondida, às vezes negada, sobretudo inconsciente, mas sempre presente, é levada em conta sem nunca contaminar o olhar dado aos personagens, a sua história, e até a sua forma de ingenuidade. É uma das razões pelas quais o filme toca tanto e de forma tão duradoura, que tenhamos tido em algum momento ou não o mesmo sonho que esses jovens, que tenhamos pego a estrada ou pensado em fazê-lo.

"De Rouille et d'Os", o filme de Jacques Audiard, outro grande destque deste Festival de Cannes 2012, abre também com um plano de pés e de pernas caminhando. Penso nas palavras que Arletty disse um século atrás ao ver, em frente à fábrica de um subúrbio de Paris, um operário que, naquela manhã, não teve força para ir trabalhar: “Sou a favor de largar tudo, na vida”.

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matéria do Fantástico sobre OTR

novas stills




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Press Conference em Cannes completa

Entrevistas do elenco em Cannes





quarta-feira, 23 de maio de 2012

On The Road aplaudido de pé em Cannes

Photocall OTR - Cannes





Elenco adentrando o cinema para a exibição

Video: Elenco no tapete vermelho

Elenco de OTR no tapete vermelho em Cannes












Adicionaremos mais conforme são upadas.

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CRÍTICA POR RODRIGO FONSECA

Cannes: jornada de maturidade e sensualidade

Walter Salles deu à Cannes algo que o festival de cinema mais disputado do mundo ainda não havia experimentado em sua 65ª edição: sensualidade, sensorialidade, ou em bom português, tesão. "Na estrada" ("On the road") é disparado o filme mais maduro de Salles como realizador, preciso em sua composição de planos, exigente na direção de atores e ousado no retrato da juventude.
Com base no romance beat de Jack Kerouac, que o cinema sonhou ver na tela durante anos, o novo longa-metragem do cineasta carioca de 56 anos é uma espécie de súmula da questões buscadas pelo cineasta ao longo de 21 anos de carreira.

Seu tema central, a construção de uma relação amorosa (seja ela fraternal, maternal ou ideológica), no decorrer de uma jornada, encontra na prosa de Kerouak matéria-prima para construir uma radiografia geracional.

De olhos voltados para a América do fim dos anos 40 e do início dos anos 50, Salles narra a construção da amizade entre o aspirante a escritor Sal Paradise (Sam Rilley) e o ex-presidiário chave de cadeia Dean, representado por um Garrett Haedlund devastador.

Embora as opiniões acerca do filme não sejam consensuais, divididas entre paixões e recepções frias, existe um ponto em comum. A Croisette em peso agora acha que Garrett pode dar uma rasteira em Jean-Louis Trintignant (o favorito por "Amour") na briga pelo prêmio de melhor ator. Outra surpresa é Kristen Stewart, a mocinha da série "Crepúsculo".



Descabelada, suada, safada e pelada, ela disparou uma bomba hormonal na sessão do filme esta manhã para a imprensa. Nela, estavam membros do júri, como o diretor americano Alexander Payne e o estilista Jean Paul Gaultier.

Kristen ajuda o filme a quebrar a caretice habitual com que o cinema americano - esta é uma coprodução entre França e EUA - trata o sexo. Francis Ford Coppola, que sonhou durante quase 30 anos levar o livro de Kerouak às telas, deve estar bem feliz.

Embora o favoritismo na briga pela Palma, ficar com o romeno "Beyond the hills" e o austríaco "Amour", "Na estrada" deve sair daqui com troféus na mala. Merece. O bonequinho aplaude Salles de pé.



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Primeiras impressões de OTR em Cannes

Michal Oleszczyk
@michaloleszczyk NA ESTRADA 2/10 Bobo, insípido e descartável. Confunde ser impressionável com ser inspirado e mastiga esse erro por 137 minutos #Cannes

Hollywood Elsewhere ?
@wellshwood ’Na estrada’ de Walter Salles é magistral, rico e vigoroso. Meditativo, sensual e aventureiro e um lamento, tudo ao mesmo tempo





?@wellshwood ’Na estrada’, sim, é episódico e vago - como poderia não ser? – mas como “Diários de motocicleta”, funciona

Diego Lerer
?@dlerer NA ESTRADA é previsivelmente correto, puro e apresentável, como tudo que faz Walter Salles. Não se poderia esperar muito mais… #Cannes

Peter Bradshaw
?@PeterBradshaw1 Na estrada (dir. Walter Salles) é uma celebração com olhos vidrados do narcisismo e da auto-absorção #Cannes2012

Xan Brooks
@XanBrooks ’Na estrada’ passa em Cannes. Um loop estiloso e cansativo de rostos bonitos e romantismo cambraia. Mas, ah, Viggo Mortensen está incrível

Damon Wise
@yo_damo ’Na estrada’ é tão bom quanto poderia ser; encantador para o olhar, mas episódico e prolixo

James Rocchi
@jamesrocchi Ser livre, como usar drogas ou fazer sexo, é mais atraente para fazer do que assistir; os artistas de rua de NA ESTRADA tem boa aparência, com menos sentimento

Jonathan Romney
@JonathanRomney NA ESTRADA: sexo, bebidas, drogas, viagens, roubo de lojas… Como eles encontraram tempo para ler Proust? #cannes2012

David Jenkins
@daveyjenkins NA ESTRADA (Salles) tediosamente literário, conscientemente bonito e raso como uma poça d’água. Esperei pelo fim desde o segundo minuto #cannes

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